Hoje (dia 27)
no Espaço Cultural Giuseppe Verdi, às
19h, o professor Moskito conta um
pouco das experiências do movimento negro e a utilização da dança como forma de
resistência.
Para
resgatar essa história, é preciso saber como surgiu o samba-rock. Antes de mais
nada, muitos definem o samba rock como um ritmo musical, mas não é. Podem ser
chamados de ritmos musicais o tango, o samba, o jazz, a rumba, o rock’n’ roll,
o blues, mas nunca o samba rock.
Existe muito pouca coisa escrita sobre o assunto e a fonte mais fascinante
sobre o assunto são os depoimentos de quem viveu e vive dentro do samba-rock,
como os DJ’s e produtores dos bailes que mantiveram a música e a dança sempre
vivas. Muitos defendem a seguinte definição: samba-rock é um estilo de se
dançar.
No final dos
anos 50, os mais pobres ficavam de fora dos bailes das grandes orquestras – o
motivo principal é que custava muito caro para frequentar. Mas, segundo alguns
depoimentos, os negros chegavam a ser barrados em muitos destes bailes. Nesta
época já os equipamentos de som eram Hi-Fi,
o que permitiu que as comunidades mais pobres desenvolvessem uma versão mais
econômica de baile: o baile sem orquestra ou o baile da ‘Orquesta Invisível’,
empregando o toca-discos no lugar da orquestra. Aí originou-se a figura do
discotecário, depois veio a se chamar Disk-Jockey
e hoje chamamos de DJ. Nestes bailes ‘democráticos’, desenvolveu-se um estilo
próprio de dançar baseado nos rodopios do twist
americano, mas este estilo de dança passou a ser utilizado também para se
dançar o swing, o rhythm and blues e outros estilos.
O começo da
década de 60 é marcado pela coexistência – não pacífica em boa parte dos casos –
do ‘samba’ pós bossa nova, configurado pelo samba-jazz, pelo fino da bossa,
pela bossa americanizada de Sergio Mendes e pela jovem guarda, comandada por
Roberto e Erasmo Carlos. No meio desse caldo todo surge Jorge Ben, com um samba
meio misturado com uma levada diferente de violão. Na verdade, era um samba
misturado com rock. Dos primeiros
discos com arranjos samba-jazz de Meirelles e Luis Eça, chega ao namoro com a
Jovem Guarda no disco O Bidu e nos
discos Jorge Ben - 1969 e Força Bruta – 1970; acompanhado pelo
Trio Mocotó, seu violão encontra a levada de percussão que mais caracteriza o
que iriam chamar de Samba-Rock.
O nome
Samba-Rock foi dito pela primeira vez por Jackson do Pandeiro, na música Chiclete com Banana e o Trio Mocotó
adotou e utiliza o termo até hoje, com muito orgulho. O fato é que este jeito
de misturar samba com rock foi muito
bem aceito nos bailes de ‘Orquestra Invisível’ e combinou muito bem com o jeito
de se dançar. Moskito, como carinhosamente é chamado, é professor, dançarino,
coreógrafo, produtor e promotor de eventos desde 1995 e um dos maiores
divulgadores da cultura do samba-rock. Atuou com dançarino e coreógrafo das
principais bandas do gênero no país, o Clube do Balanço, além de ministrar
aulas nas melhores academias de São Paulo. É diretor e organizador do Congresso
Mundial de Samba do Brasil. Seu trabalho como divulgador do samba-rock ganhou
projeção nacional ao ser convidado para programas na TV como o Vitrine e Manos & Minas, da TV
Cultura; o SPTV, Mais Você e Altas Horas, na TV Globo e uma
entrevista muito comentada e festejada pelos amantes da dança no Programa do Jô. A força do samba-rock logo despertou a atenção das casas noturnas, que passaram a dedicar dias específicos ao ritmo e era Moskito quem o apresentava e o ensinava. Hoje também atua como diretor do Congresso de Samba do Brasil, evento que reúne os principais professores de diversos estilos de Samba com aulas para todos os níveis com a intenção de propagar ainda mais estas diferentes formas de sentir o samba, reciclar dançarinos e professores e fortalecer o cenário da dança a dois de São Paulo e do Brasil. Recentemente esteve numa das maiores exposições do mundo, a Expo Xangai 2010, na China, mostrando ao mundo o que é o Samba Rock, juntamente com a banda Clube do Balanço.
Espaço Giuseppe Verdi - Rua José Galvão 104, Centro, Salto. Telefone (11) 4029-3473.
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