Para pensar:

"Esta vida é uma estranha hospedaria,
De onde se parte quase sempre às tontas,
Pois nunca as nossas malas estão prontas,
E a nossa conta nunca está em dia."

Mario Quintana

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Pego ou não pego o tal do panfleto?

Hoje destrinchei um pouco um assunto que me incomodou por décadas e, ainda assim, não cheguei a uma conclusão.
 Toda vez que alguém me oferece um panfleto, seja a pé ou de carro, eu quase sempre recuso, por várias razões –se for proselitismo, então, a tolerância beira zero. Proselitismo político (e não necessariamente o político-partidário)? Aí a tolerância é zero mesmo.
A primeira delas é o fato de ser uma pessoa cheia de manias e simplesmente não ter interesse em comprar absolutamente nada em trânsito. Penso que, seu eu fosse a pessoa que pagou para o panfleto ser produzido e para ser entregue, não gostaria que meu panfleto fosse jogado fora imediatamente por alguém que não estivesse interessado. Não acho que se trate de uma relação baseada nos preceitos sociais; a pessoa está desempenhando o trabalho dela e eu me reservo o direito de não querer esse trabalho. Nunca achei que estivesse sendo mal educado.
A segunda é a questão da segurança. Não vivemos exatamente na Suíça e contam-se aos milhares as atrocidades cometidas em semáforos em todas as cidades do país. Ou seja, agora que os arrastões parecem estar chegando ali na esquina, acredito que minha preocupação com as abordagens de estranhos não seja apenas mais uma das manias mencionadas.
A terceira é a questão do meio ambiente. Jogar papel fora é matar árvores desnecessariamente.
O que eu nunca tinha pensado em profundidade é na pessoa que está me entregando o tal do panfleto. Julgando por mim (um dos mais feios dos defeitos), pensava que, se eu fosse fazer esse trabalho, estaria preparado para o desinteresse de algumas pessoas (ou somos muitos?). Mas aparentemente não é o que acontece. Uma pessoa muito próxima coordenou um trabalho desse tipo hoje e me contou, bastante desapontada, sobre pessoas que não abaixavam os vidros dos carros, que pegavam o panfleto e devolviam (na minha visão até então, uma atitude louvável: não me interessa o assunto; por que jogar fora em vez de dar a alguém que se interesse?), que sequer se dignavam a dirigir o olhar (outro grande amigo me chamou de grosso semana passada porque me viu recusar um). "Caramba", pensei, "tanta indiferença e debaixo desse sol!"
Continuo achando que não estive totalmente errado até agora – ou seja, assumo; sou um monstro insensível. Mas me importa muito não ser a causa de qualquer emoção ruim de qualquer pessoa que não me faça mal algum. Pego ou não pego o panfleto???
Ou seja, antes de pensar muito no assunto, tinha mais paz; Tico e Teco resolveram elucubrar, arrumei o TOC número 8794.

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